História e Evolução do alisamento químico capilar.

Padrão

Moda vai e vem e a gente alisa, escova, ondula, cacheia, prancha, não faz nada, faz tudo, deixa black, deixa rasta, colore e descolore…ufa! Camaleõas como somos, basta um hairstilist ditar tendência e uma atriz pintar na telinha como referência que a gente segue mudando. Mas nesse estica e puxa, solta e enrola, em algum momento já parou para se perguntar como surgiram os alisamentos químicos? Se esta curiosa pra saber, viaja no tempo comigo.

COMO SURGIU E QUEM INVENTOU O ALISAMENTO CAPILAR?

Garrett Morgan

Garett Morgan

 

Pomada alisadora criada por Morgan

Acidentalmente, em 1912, quando o jovem inventor e empresário afroamericano Garret August Morgan, trabalhando com máquinas de costura em sua recém-inaugurada alfaiataria, negócio que ele tinha aberto com a esposa Mary, que tinha experiência como costureira, descobriu um líquido que impedia de fazer a máquina de costura queimar tecidos enquanto costurava o que era um problema comum na época, subsequentemente notou que os cabelos do pano ficavam retos com a solução. Depois de testar a sua solução com um bom efeito no pelo de um cão vizinho, Morgan resolveu testar em si mesmo. Quando isso funcionou, ele rapidamente estabeleceu a G. A. Morgan Cabelo Refining Company e passa a comercializar um creme alisante para os cabelos para os afro-americanos . A empresa foi incrivelmente bem sucedida, trazendo segurança financeira a Morgan e permitindo-lhe perseguir outros interesses, enganando seus clientes racistas, se passando por índio e escondendo suas origens, em uma época em que o racismo era justificado por teorias racialistas, que subjugavam a auto-estima e reconhecimento de negros e negras. Suas propagandas eram impregnadas do racismo latente da época. Com a promessa de “melhorar” a aparência e “tratar” o cabelo crespo.

 

EVOLUÇÃO DO ALISAMENTO CAPILAR NO BRASIL:

Foi só em 1950 que as substâncias químicas viraram protagonistas mundial. O primeiro alisamento comercializado mundialmente foi a base de soda cáustica, ou seja, o  hidróxido de sódio Foi bastante usado nos Estados Unidos. O ativo, aplicado até hoje, foi adaptado em 1914, pela empresa Relaxer. Entretanto, só nessa década passa a ser usado pelas famosas como a cantora norte-americana Bette McLarin entre outras e ganha fama mundial.No Brasil, a novidade chega na mesma década.

1930:cabelisador

Antes disso, o alisamento nos fios surge em 1930, e é feito mecanicamente com um aparelho chamado cabelisador: Uma haste de metal levada à brasa ou ao fogão. Depois de quente, o acessório era aplicado no cabelo e pronto, tinha sua textura modificada, mas sem eliminar, de fato, as ondulações, como usava a atriz Greta Garbo. É claro que esse processo tão arcaico causava danos, ainda mais que naquela época não havia protetores de calor.

1940: pente quente

Em 1940: Chega ao Brasil a moda do pente quente, processo ainda mecânico parecido com o cabelisador.Só em 1960 houve um boom do alisamento e uma queda em 1970 com a era hippie, era o tempo do black power, de Jackson 5, em que a espontaneidade e o orgulho do cabelo dominava o cenário. Correndo na contramão, a empresa Relaxer lança o Lye Relaxer, alisamento com hidróxido de potássio.Entretanto, o ativo era muito agressivo e danificava demais as madeixas, causando até alopecia.

Em 1980: surgiu o tioglicolato de amônio usado com bigoudis. Era o permanente, com objetivo de encaracolar as lisas, já que a onda era ter volume, como a musa Madonna. Todavia, no final da década, começaram a aparecer algumas técnicas de alisamento.

tioglicolato de amônia: conhecido como permanente afro

O processo químico para alisar ou cachear o cabelo era o mesmo. A diferença é que o cabelo era enrolado ou esticado durante o processo. Surge também a touca de gesso, uma mistura de farinha de trigo com tioglicolato de amônio e também os henês. Nesse período, nasce o nome “relaxamento”, que vem de Relaxer. Entretanto, o produto continha fórmulas menos agressivas e maior poder de alisamento e reparação. 

Nos últimos anos do século 20, a febre era a cabeleira lisa e chapada. Além da popularização da prancha, nasceu a onda criada pelo cabeleireiro Satoru Nagata, que aprimorou uma técnica turca e batizou de alisamento japonês (que também é chamado de escova definitiva)!  a base de tioglicolato de amônio, o processo danificava bastante os fios e tinha um resultado artificial. Era muita agressão, pois, além de passar o produto, era preciso enxaguar e chapar muitas vezes, sensibilizando e quebrando as madeixas, principalmente no retoque de raiz.

 Em 2000, roubando a cena a técnica definitiva da escova progressiva à base de formol despontou no subúrbio do Rio de Janeiro e se espalhou por todo o País. A iniciativa dos cabeleireiros proporcionava cabelos lisos e brilhantes por três meses. Entretanto, como o ativo causava diversos danos à saúde, inclusive casos de morte, a Anvisa inicia a guerra contra a substância e proíbe seu uso para alisamentos, permitindo apenas 0,2% na fórmula dos produtos – quantidade suficiente para conservá-los.

Atualmente com a proibição do formol, o mercado investe em fórmulas alisantes livres dele. É o caso do alisamento light, dos redutores de volume, realinhamento térmico e escovas definitivas. Após surgir como um dos substitutos do formol, o ácido glioxílico, proibido em 2014. pois ao esquentá-lo com a prancha, libera formaldeído!  Hoje, as substâncias permitidas são: tioglicolato de amônio, carbonato de guanidina, hidróxido de guanidina, de sódio, potássio, lítio e cálcio.

   

Portanto é super importante ficarmos atentas ao que os cabeleiros estão passando em nossas madeixas, com tantos nomes bonitos e marcas investindo pesado na publicidade, nos esquecemos de conferir os rótulos dos produtos e vamos testando tudo que nos indicam.Não é mesmo? Ninguém aqui passa química nos cabelos desejando ficar careca e o pior eminente risco de morte.

Beijos da Fabi e até amanhã

Fontes:

Sobre Fabi Brito

Pedagoga, Especialista em Gestão de pessoas que adora se cuidar, socióloga por opção (outra formação, rs!) e blogueira por diversão. soteropaulistana?! Porque não? paulistana inquieta cheia de"baianices" que resolveu dividir suas "Fabíolices" com vocês.

Uma resposta »

  1. Eu também acho que qualquer mulher, independente de ser negra, branca ou asiática, fica linda de qualquer jeito.
    Parabéns pelo excelente trabalho de pesquisa, Fabi querida.
    Um grande beijo e um ótimo dia pra ti, minha tão querida amiga.

    Curtido por 1 pessoa

Deixe um comentário